Santa Maria, 17 de novembro de 2008.
Apesar de Você...
No dia 17 de novembro de 2008, manhã fria de novembro, inicia a greve do magistério público nas salas de aula do Rio Grande do Sul. Literalmente uma manhã fria, talvez para dar ênfase ás atitudes desta Senhora Governadora do Estado do Rio Grande do Sul que congela salários e trata com desprezo e sangue-frio seus servidores, especialmente o magistério gaúcho.
Sem querer ser bairrista, mas fazendo referência ao movimento de greve do Magistério Gaúcho e ao Hino do Rio-Grande... “Que sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra”, inclusive a esta senhora paulista que deseja a cada passo de seu governo deflagrar a educação neste Estado.
À senhora Yeda Crusius, gostaria como professora, de informar em primeiro lugar que vivemos numa civilização. Esta condição nos torna obediente a um conjunto de leis. Somos uma nação e uma governadora não pode ir contra uma lei federal aprovada por unaminidade no congresso brasileiro e que cria o piso nacional de 950 reais para professores do ensino básico de todo o País. Lei esta que resgata um pouco da dignidade do professor e da professora da Educação Básica e que é resultado de muitas lutas e debates em favor da Educação.
Em segundo lugar, gostaria de dizer à governadora que vivemos neste país num regime democrático, regime este, inclusive, que permitiu infelizmente a sua eleição. E numa democracia todos os cidadãos que cumprem com seus deveres são livres para protestar pelos seus direitos. São livres para participar de uma greve justa e legítima. Por isso, senhora, abaixo com sua tirania e desrespeito. Acreditar que o decreto do corte do ponto e de corte dos salários impediria a greve por ameaçar uma categoria que realmente não pode se dar ao luxo de ficar sem receber foi uma ofensa à cidadania do Brasil. O decreto, somado à forma como a senhora trata seus governados em momentos terríveis como este que vivem os professores é humilhante e impróprio a uma senhora na sua posição.
Em terceiro lugar, é preciso e urgente lhe dizer que a comunidade gaúcha de pais e alunos está sim preocupada com os prejuízos que esta greve pode trazer à sua família. Mas é sabedora também que as únicas culpadas desta situação que vivemos são a intolerância e a desmoralização da senhora governadora e da sua secretaria de educação para com o magistério gaucho. A Secretária de Educação, aliás, frente ao seu recente e generoso aumento de salário esqueceu-se de uma vida inteira no Magistério Público, esqueceu que faz parte do mesmo plano de carreira que está auxiliando a derrotar. Mariza Abreu entristece sua categoria base ao render-se aos interesses de um governo que age em benefício próprio e não coloca a educação que é direito inalienável dos cidadãos brasileiros como uma de suas prioridades.
Por tudo isto é que minha atuação no Magistério do Estado do Rio Grande do Sul me alicia e convida outros colegas professores a lutarem. A não desistirem, a não terem medo de retaliações, é preferível enfrentar com bravura estas ameaças que daqui a alguns dias termos cortados todos os direitos adquiridos em 30 anos de luta no Magistério.
Em tempo ainda gostaria de dizer muito obrigado aos alunos do Colégio Manoel Ribas, do Colégio Maria Rocha, do Olavo Bilac, do Coronel Pillar e de outras escolas que aqueceram o coração dos professores com sua solidariedade esta manhã na assembléia do Clube Caixeiral de Santa Maria. Seu apoio nesta hora fortalece, emociona e é imprescindível.
Para terminar com doçura, porque lutar exige poesia, exige esta crença inabalável no amanhã apesar da tirania dos governantes, lembro todos os docentes do Magistério Estadual de Carlos Drummond de Andrade quando diz: “Somos do tamanho daquilo que vislumbramos, e não do tamanho da nossa altura". Para a governadora, em especial, dedico um dos versos da canção de Chico Buarque de Holanda: “Apesar de você/ Amanhã há de ser/ Outro dia/ Inda pago pra ver/ O jardim florescer/ Qual você não queria/ Você vai se amargar/ Vendo o dia raiar / Sem lhe pedir licença/ E eu vou morrer de rir/ Que esse dia há de vir/ Antes do que você pensa!
Andréia Aparecida Liberali Schorn
Professora do Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi
Apesar de Você...
No dia 17 de novembro de 2008, manhã fria de novembro, inicia a greve do magistério público nas salas de aula do Rio Grande do Sul. Literalmente uma manhã fria, talvez para dar ênfase ás atitudes desta Senhora Governadora do Estado do Rio Grande do Sul que congela salários e trata com desprezo e sangue-frio seus servidores, especialmente o magistério gaúcho.
Sem querer ser bairrista, mas fazendo referência ao movimento de greve do Magistério Gaúcho e ao Hino do Rio-Grande... “Que sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra”, inclusive a esta senhora paulista que deseja a cada passo de seu governo deflagrar a educação neste Estado.
À senhora Yeda Crusius, gostaria como professora, de informar em primeiro lugar que vivemos numa civilização. Esta condição nos torna obediente a um conjunto de leis. Somos uma nação e uma governadora não pode ir contra uma lei federal aprovada por unaminidade no congresso brasileiro e que cria o piso nacional de 950 reais para professores do ensino básico de todo o País. Lei esta que resgata um pouco da dignidade do professor e da professora da Educação Básica e que é resultado de muitas lutas e debates em favor da Educação.
Em segundo lugar, gostaria de dizer à governadora que vivemos neste país num regime democrático, regime este, inclusive, que permitiu infelizmente a sua eleição. E numa democracia todos os cidadãos que cumprem com seus deveres são livres para protestar pelos seus direitos. São livres para participar de uma greve justa e legítima. Por isso, senhora, abaixo com sua tirania e desrespeito. Acreditar que o decreto do corte do ponto e de corte dos salários impediria a greve por ameaçar uma categoria que realmente não pode se dar ao luxo de ficar sem receber foi uma ofensa à cidadania do Brasil. O decreto, somado à forma como a senhora trata seus governados em momentos terríveis como este que vivem os professores é humilhante e impróprio a uma senhora na sua posição.
Em terceiro lugar, é preciso e urgente lhe dizer que a comunidade gaúcha de pais e alunos está sim preocupada com os prejuízos que esta greve pode trazer à sua família. Mas é sabedora também que as únicas culpadas desta situação que vivemos são a intolerância e a desmoralização da senhora governadora e da sua secretaria de educação para com o magistério gaucho. A Secretária de Educação, aliás, frente ao seu recente e generoso aumento de salário esqueceu-se de uma vida inteira no Magistério Público, esqueceu que faz parte do mesmo plano de carreira que está auxiliando a derrotar. Mariza Abreu entristece sua categoria base ao render-se aos interesses de um governo que age em benefício próprio e não coloca a educação que é direito inalienável dos cidadãos brasileiros como uma de suas prioridades.
Por tudo isto é que minha atuação no Magistério do Estado do Rio Grande do Sul me alicia e convida outros colegas professores a lutarem. A não desistirem, a não terem medo de retaliações, é preferível enfrentar com bravura estas ameaças que daqui a alguns dias termos cortados todos os direitos adquiridos em 30 anos de luta no Magistério.
Em tempo ainda gostaria de dizer muito obrigado aos alunos do Colégio Manoel Ribas, do Colégio Maria Rocha, do Olavo Bilac, do Coronel Pillar e de outras escolas que aqueceram o coração dos professores com sua solidariedade esta manhã na assembléia do Clube Caixeiral de Santa Maria. Seu apoio nesta hora fortalece, emociona e é imprescindível.
Para terminar com doçura, porque lutar exige poesia, exige esta crença inabalável no amanhã apesar da tirania dos governantes, lembro todos os docentes do Magistério Estadual de Carlos Drummond de Andrade quando diz: “Somos do tamanho daquilo que vislumbramos, e não do tamanho da nossa altura". Para a governadora, em especial, dedico um dos versos da canção de Chico Buarque de Holanda: “Apesar de você/ Amanhã há de ser/ Outro dia/ Inda pago pra ver/ O jardim florescer/ Qual você não queria/ Você vai se amargar/ Vendo o dia raiar / Sem lhe pedir licença/ E eu vou morrer de rir/ Que esse dia há de vir/ Antes do que você pensa!
Andréia Aparecida Liberali Schorn
Professora do Colégio Estadual Padre Rômulo Zanchi